sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

mi vida es una mierda

durante o dia, respiro. por vezes bebo, outras como. o meu corpo move-se à parte, tem desejos próprios. todavia, neste momento, a alma está cinzenta, morta por dentro. negra. várias vezes vezes me interrogo sobre o porquê disto, sobre o poder do amor ou desamor tem de nos tirar a respiração e fôlego, de nos mimetar num fole furado de um forno no qual o ferreiro decide de repente fechar, a porta com estrondo. a vontade, as imponderabilidades da vida, fazem com que várias vezes isso aconteça, e todavia procuramos. procuramos sempre algo que nos preencha o vazio cinzento da madeira transformada em fuligem, por falta de calor. o facto é que, mesmo que o forno-coração seja alimentado por nós, mesmo que a nossa vida já tenha a beleza da borboleta, quando existe uma fornalha partilhada a chama tem outro fulgor, queima mais forte e aquece a alma até que se lhe acabe quaisquer friezas e frieiras. várias vezes me interroguei do porquê de continuarmos. apesar de tudo o que sei não consigo responder a essa questão da vontade. senão conseguimos voar sozinhos, porquê tentar? se estamos bem à tona da água, como corremos o risco de cair tão alto e sofrer depois nas profundezas com um escafandro que nos rouba os movimentos e o tempo na eventual subida? a minha mãe não me chamou de Ícaro, e todavia...

como mas não me alimento. respiro mas estou oprimido. olho mas não vejo. sorrio mas não rio. não sonho. mataram-me por dentro e eu fui cúmplice.

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